08 julho 2009

Entre a crise e o naufrágio

Faz tempo que não escrevo. Fiquei durante este período, pensando como iria relatar minha experiência de uma maneira eficaz e compreensível. Deste modo devo afirmar que nesta vida toda lógica é falha. Decidi portanto me agarrar no pensamento humanamente ilógico de Deus. Como todos sabem, sou educador e me considero um filósofo nato, pelo meu modo de pensar e viver a vida. Penso logo existo é o meu lema e não costumo me conformar com idéias prontas. Gosto de questionar a vida, seus padrões, valores morais e éticos, práticas e costumes e percepção do cosmo. Penso na relevância de algumas situações e suas consequências. Como Cristão acredito na Bíblia e como filósofo creio que a mesma é e contem a palavra de Deus. Sou herege pelo ponto de vista crítico em relação aos dogmas de uma moral cristã contaminada por algum tipo de esvaziamento ético de Cristo e certas invasões hipócritas de pensamentos levianos e irresponsáveis de alguns pseudo-líderes que encontramos por aí. Sendo assim, não poderia deixar de afirmar que sou apenas um ser humano, cheio de dúvidas, ansioso, inseguro e dependente de Deus. Lendo a Bíblia, aprendi e observei em Moisés o que é ser dependente de Deus, quando o mesmo afirma que se a presença de Deus não estivesse com ele, que o Senhor não o fizesse subir. Aprendi também que maldito é o homem que confia no homem (em si mesmo, eu afirmaria).Mas como diria Ed René Kivitz, "Na prática a teoria é outra". Em tempos de crise, conclui pragmaticamente algo que ouço desde criança,aprendi que preciso ser dependente e confiante em Deus, e que somente Ele pode resolver minhas dúvidas e acertar meus caminhos. Aprendi mas não pratiquei. Sendo filósofo, quis abandonar a Filosofia(como se pudesse), como educador, desisti de ensinar. Busquei para mim, e em mim soluções para sair de minha crise. Encontrei as soluções, arrumei tudo, modifiquei minha vida, tracei novos rumos e novas metas. Me conformei com meu bocado e fui pro meu canto pedindo que me respeitassem, que me deixassem em paz com minha decisão, criei até uma frase: "Quem vive de sonho é padeiro". Seria cômico se não fosse trágico. Mas lá no fundo, bem no fundo eu estava infeliz. Todas as noites eu colocava a cabeça no travesseiro e pensava num Paulo que não era eu. Pela manhã olhava no espelho um homem vazio de seus ideais, mascarado e vendido, usurpado e corrompido por uma suposta mudança que ainda não havia feito minha cabeça. Dia após dia deixei meus livros pra trás, pois não me considerava digno de le-los outras vezes embora minha alma os tivesse decorado. Me sentia com o corpo em lugar e a mente em outro. Mas a lógica capitalista me dizia que eu devia seguir me corrompendo, me vendendo e desistindo de mim mesmo. Foi dentro do olho deste furacão que Deus agiu comigo parecidamente com o personagem do filme "Náufrago". Deus me deu uma vela, para que eu construísse meu barquinho. Hoje estou em cima dele. Mesmo que ainda precariamente, continuo navegando sentido aos meus sonhos, sonhos que o meu Deus não permitiu que eu desistisse. Confesso que a viagem está sendo longa, cansativa, as vezes, meu barquinho quase quebra, mas aprendi que se Deus deu a vela, é porque o vento existe e que quem vive de sonhos não é só o padeiro, mas Deus! Pois percebi que foi ele quem os introduziu em meu coração e que não permitiu que eu desistisse, desafiando toda minha lógica humana. Posso analisar, contudo que se eu tivesse realmente deixado meus planos nas mãos Dele desde o início, talvez eu já estivesse chegado na praia. Mas a principal lição é: Confiar em Deus, é não confiar em si mesmo, pois enquanto quisermos dividir o espaço com Deus, não deixaremos a vontade para agir em nossas vidas.

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